quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cuidem das nossas crianças


Eu podia estar neste momento estudando para a prova de hoje à noite, e o fato de não estar fazendo isto, para poder escrever este texto, possa me causar prejuízos na matéria. Que seja. Cansei de decorar procedimentos e deixar passar em branco a intolerância, flagrante na sociedade em que vivemos. Meu estágio atual de amadurecimento e humanismo não me permite relevar as próximas constatações, não mais.

Consternado, como todos, com a tragédia ocorrida na escola carioca, relembro claramente cenas de “Elefante”, filme de 2003, do diretor Gus Van Sant, acerca de um massacre similar ao de hoje, passado em um escola norte-americana, tipo de tragédia “comum” por lá. Dentre outros temas a película trata da intolerância em suas diversas formas, na infância exteriorizada através do bullying.

No dia de hoje não foi diferente, o modus do crime nos reporta ao tema. Por isto, penso que tentar imputar exclusiva responsabilidade pelo acontecido ao autor do fato é, no mínimo, ingênuo. A culpa - já que culpar alguém nos reconforta – é sim de todos nós, por mais sábio clichê que isso seja.

A culpa é minha, é sua, é nossa. É do racismo do Bolsonaro e de seus eleitores, da atitude homofóbica do público presente na partida de vôlei xingando animalescamente o jogador Michael, do meu egoísmo, da sua falta de sensibilidade...

Notem, é um ciclo vicioso de intolerância, no qual a “bichinha” é excluído pelos próprios gays, este, é muitas vezes rejeitado por sua família, pobre, esta resta esquecida pelo poder pública e pela “elite”, famílias nordestinas que, mesmo pertencente à classe de elevado poder aquisitivo, não deixam de ser discriminadas no sul e sudeste do país por suas origens; todos brasileiros, vulgares e inferiores às generalizações anglo-saxônicas.

Percebam, na mesma medida que somos intolerantes, também somos intolerados. Xenofobia, racismo, homofobia, desigualdade formam um arcabouço de mazelas perpetradas por você e por mim.

Volto ao assunto indignado em ver autoridade pública emocionada na mídia e taxando o autor do crime de “monstro”, tal atitude é hipócrita e me atinge enquanto ser pensante e vítima de bullying na infância.

Lembrem-se que, as consequências da nossa insensibilidade sempre retribuirão tragédias como estas, a que todos estamos vulneráveis, ou simples desabafo como este. Obrigado!