sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

NÃO ENTRE!



Desavontade,
Em todos os lugares, com todas as pessoas
A visita na casa mundo
Constrangido ao me anunciar na campainha
Ao superar o largo tapete da intimidade
Revelar o meu eu, desmascarar o seu
Descalçar é tão difícil, sentir a temperatura da vida.
Despertar interesse em todos os cômodos da podre mansão
Melhor me recompor, partir em retirada
Livre, no meu metro quadrado solidão

Nú, sem defesas, angustiado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O que os olhos não veem, o coração uma hora sente

Não nascer sabendo tudo é definitivamente uma das maiores belezas da vida







Aprender o diverso, conviver com o novo, aceitar o desconhecido





A nova velha banda descoberta, o livro tão comentado e nunca lido





Tudo em algum momento já passou pela nossa vista, pelos nossos ouvidos, e de repente (o estalo!)





O sentimento concatena com o despercebido e nos revela um universo de felicidades humanas, exarando uma sensibilidade incomum





O pensamento libera a conversa com os amigos, "o melhor filme do mundo", o que nossa mão dizia, o comercial, a natureza, os cheiros, os amores, os sons





Imerso na descoberta, livre nos pensamentos, a vontade de escrever





Irradiado de sonhos, longe por um segundo da rotineira alienação





E na efêmera felicidade dos românticos, dotada em sua plenitude, pisquei





De volta à realidade.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cuidem das nossas crianças


Eu podia estar neste momento estudando para a prova de hoje à noite, e o fato de não estar fazendo isto, para poder escrever este texto, possa me causar prejuízos na matéria. Que seja. Cansei de decorar procedimentos e deixar passar em branco a intolerância, flagrante na sociedade em que vivemos. Meu estágio atual de amadurecimento e humanismo não me permite relevar as próximas constatações, não mais.

Consternado, como todos, com a tragédia ocorrida na escola carioca, relembro claramente cenas de “Elefante”, filme de 2003, do diretor Gus Van Sant, acerca de um massacre similar ao de hoje, passado em um escola norte-americana, tipo de tragédia “comum” por lá. Dentre outros temas a película trata da intolerância em suas diversas formas, na infância exteriorizada através do bullying.

No dia de hoje não foi diferente, o modus do crime nos reporta ao tema. Por isto, penso que tentar imputar exclusiva responsabilidade pelo acontecido ao autor do fato é, no mínimo, ingênuo. A culpa - já que culpar alguém nos reconforta – é sim de todos nós, por mais sábio clichê que isso seja.

A culpa é minha, é sua, é nossa. É do racismo do Bolsonaro e de seus eleitores, da atitude homofóbica do público presente na partida de vôlei xingando animalescamente o jogador Michael, do meu egoísmo, da sua falta de sensibilidade...

Notem, é um ciclo vicioso de intolerância, no qual a “bichinha” é excluído pelos próprios gays, este, é muitas vezes rejeitado por sua família, pobre, esta resta esquecida pelo poder pública e pela “elite”, famílias nordestinas que, mesmo pertencente à classe de elevado poder aquisitivo, não deixam de ser discriminadas no sul e sudeste do país por suas origens; todos brasileiros, vulgares e inferiores às generalizações anglo-saxônicas.

Percebam, na mesma medida que somos intolerantes, também somos intolerados. Xenofobia, racismo, homofobia, desigualdade formam um arcabouço de mazelas perpetradas por você e por mim.

Volto ao assunto indignado em ver autoridade pública emocionada na mídia e taxando o autor do crime de “monstro”, tal atitude é hipócrita e me atinge enquanto ser pensante e vítima de bullying na infância.

Lembrem-se que, as consequências da nossa insensibilidade sempre retribuirão tragédias como estas, a que todos estamos vulneráveis, ou simples desabafo como este. Obrigado!